Alguma vez você já se sentiu inevitavelmente tomado por uma emoção muito poderosa que fez você perder o controle? Alguma vez você se deixou levar e disse coisas das quais logo se arrependeu? Alguma vez você sentiu que era uma emoção que conduzia o seu cérebro? Se você respondeu afirmativamente a alguma destas perguntas, significa que você foi sequestrado em algum momento pela sua amígdala.
A amígdala é uma estrutura situada na parte interior do lóbulo temporal medial, que costuma ser facilmente reconhecida porque tem a forma de uma amêndoa. Junto com o hipocampo, hipotálamo e o córtex orbitofrontal, faz parte do conhecido como cérebro emocional ou sistema límbico. O sistema límbico controla as respostas fisiológicas diante de determinados estímulos, isto é, todas as suas estruturas são essenciais para o controle emocional da conduta do ser humano.
O sequestro da amígdala é uma reação emocional imediata e desproporcional em reação ao estímulo que a desencadeou, porque é compreendido como uma ameaça à estabilidade emocional. Isto acontece porque a amígdala rouba a ativação de outras áreas cerebrais, principalmente o córtex, dominando a conduta do sujeito e desligando a área que nos torna mais racionais. Talvez seja um pouco estranho que a parte mais desenvolvida do cérebro, como é o caso do córtex, possa ser dominada por uma estrutura tão primitiva como a amígdala; contudo, é algo que faz sentido se olhado do ponto de vista evolutivo. Há milhares de anos, esta era uma questão de sobrevivência. Quando caçávamos na selva e, por exemplo, nos deparávamos com um leão, a amígdala desativava o resto das funções cerebrais porque não era hora de parar para pensar no perigo ou fazer a digestão ou ovular, era hora da resposta de luta/fuga. No entanto, no mundo atual, quando nos deparamos com um evento de estresse importante, mesmo que não ameace a nossa sobrevivência, como um engarrafamento no trânsito, a amígdala nos sequestra.
E por isso, depois de uma emoção intensa provocada por um grande agente de estresse, costumamos sentir durante um tempo o que podemos chamar de uma “ressaca emocional”. Esta ressaca se deve aos hormônios que circulam ainda pelo nosso organismo e que fazem com que o mal-estar dure muito mais tempo.
Talvez você tenha ouvido falar que “quando estiver revoltado, chateado, é bom contar até dez, mas se você estiver muito bravo, então conte até mil”. Esta é uma estratégia muito inteligente porque quando a gente começa a contar, ativa o córtex, a parte frontal e lógica do cérebro, que como dissemos anteriormente, fica inibida durante o sequestro emocional. Outra estratégia que costuma funcionar é focar na respiração de forma consciente, a respiração típica do mindfulness. Quando a sua atenção se foca na sua respiração, cada vez que você inspira, você se coloca no momento presente e se mantém calmo. Ativa o seu sistema nervoso parassimpático que inibe o sistema nervoso simpático, que é o que é ativado durante a experiência do sequestro da amígdala.
É muito recomendado realizar atividades que ativem a parte lógica do seu cérebro ou outras, como o mindfulness, que focam no presente e ensinam novos caminhos para vivenciar a emoção que você estiver sentindo.