Você já ouviu falar das sequelas que o Corona virus pode deixar?
Bom, algumas você pode até ter ouvido falar, que são danos no pulmão, coração, e por isso após sair do isolamento faça um checkup completo de saúde, com um médico competente, mesmo que você tenha tido sintomas brandos e não precisou de internamento.
Porém, existe uma patologia mais complexa e menos conhecida, que é a Encefalomielite Miálgica.
Você sente cansaço extremo? Indisposição? Dores pelo corpo?
Estes que são alguns dos sintomas que acometem os pacientes infectados pela COVID-19 e eles podem não ser temporários.
25% dos pacientes, podem permanecer com estes sintomas, mesmo após a cura do vírus. Isto é relatado por inúmeros artigos científicos e o que irei falar aqui é o artigo publicado em novembro de 2020, pelo departamento de medicina Irlandês, Trinity College Dublin em Dublin na Irlanda. Segundo estudos realizados em todo o mundo, após a recuperação do coronavírus, algumas pessoas seguem doentes pela Encefalomielite Miálgica, conhecida também por Síndrome da Fadiga Crônica.
Então, claro, não sabemos se veremos uma epidemia em larga escala de danos cerebrais relacionados à pandemia — talvez semelhante ao surto de encefalite letárgica nas décadas de 1920 e 1930, após a pandemia de gripe de 1918, por isso é importante estar atento.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, cerca dos 1/4 dos pacientes de Covid-19 podem apresentar quadro de fadiga crônica, caracterizada pelo cansaço que não melhora mesmo após descanso e que pode vir acompanhado de dores musculares e articulares intensas.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Dr. José Roberto Provenza, esta é uma síndrome de percepção alterada ao nível do sistema nervoso central, que é comum manifestar-se após uma infecção viral.
A Fadiga Crônica atinge cerca de 25% dos pacientes infectados por quadro infeccioso, não apenas pela Covid-19, mas doenças como hepatite B e C, gripe H1N1, mononucleose, toxoplasmose, entre outras, especialmente, porque estas patologias alteram o sistema imunogenético do paciente.
A Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos desenvolveu um relatório para o Diagnóstico e Tratamento da Encefalomielite Miálgica. O documento enfatiza que a detecção precisa da síndrome requer um histórico médico completo, exame físico e o reconhecimento dos sintomas centrais como:
• redução substancial na capacidade de desempenhar atividades prévias à doença e que persista por seis meses ou mais;
• mal-estar pós-esforço (PEM);
• sono não reparador e outros distúrbios do sono;
• deficiência cognitiva e/ou intolerância ortostática (surgimento de alguns sintomas quando em posição ereta, e alívio dos mesmos sintomas após se sentar ou deitar).
Além disso em alguns pacientes pode acarretar, sensibilidade à luz, ao som e a agentes químicos, garganta irritada, linfonodos sensíveis, dores de cabeça, problemas gastrointestinais ou do sistema urogenital.
A Síndrome da Fadiga Crônica dura, em média, de oito meses a um ano. Mas é necessário o tratamento adequado para a extinção dos sintomas.
Tratamento
Segundo relatório de 2015 da Academia Nacional de Medicina dos Estados Unidos não há tratamentos aprovados exclusivos para esta patologia. No entanto, os médicos podem indicar tratamentos farmacológicos e não farmacológicos para amenizar a gravidade dos sintomas.
Com relação ao tratamento não farmacológico que é o mais indicado inicialmente, é indicado acompanhamento nutricional clínico, para ocorrer a suplementação e prescrição alimentar adequada, além de recursos como auxílios cognitivos para estimular a recuperação da memória, melhorar a capacidade de concentração e regulação do nível de estresse, por isso é indicado um psicólogo cognitivo comportamental.
Alguns medicamentos podem ser recomendados em casos graves, para combater as dores como naltrexona em baixa dose, duloxetina, gabapentina ou pregabalina; fludrocortisona, betabloqueadores em baixas doses e/ou hidratação intravenosa para intolerância ortostática; uso ocasional de modafinil, metilfenidato ou dextroanfetamina para problemas cognitivos ou de fadiga; e trazodona, clonazepam, antidepressivos tricíclicos para indução do sono, quando necessários. (muito cuidado com estas medicações, algumas delas causam dependência)
Uma das recomendações mais frequentes dos médicos é a prática de exercícios físicos, como pilates, caminhada e alongamentos. Também atividades de lazer, passear, sair de casa e também massagem corporal relaxante, além disso o banho de imersão com água morna é muito restaurador. A atividade deve ser de baixa intensidade e só ser alterada de acordo com a evolução do paciente e o desaparecimento dos sintomas.
Números da Doença
O Relatório apresenta ainda dados mais específicos com relação à Encefalomielite Miálgica, que são números totais, antes mesmo do Coronavirus, entre eles, destaca-se o número estimado de pessoas afetadas pela doença somente nos Estados Unidos, que pode variar de 836 mil a 2,5 milhões. Estima-se que a maioria, de 84 a 91% dos pacientes não tenham sido corretamente diagnosticados.
Assim como a Fibriomialgia, a doença se desencadeia nas mulheres com uma frequência três vezes maior do que nos homens. Com relação à faixa etária, há registros de casos em crianças com menos de 10 anos e em idosos acima dos 70 anos. Mas estudos apontam que as faixas mais comuns para o início dos sintomas são entre os 11 e 19 anos, e dos 30 a 39 anos.
Ao apresentarem a doença, pelo menos 25% dos pacientes encontram-se acamados, ou não saem de casa, e até 75% têm dificuldade para ir ao trabalho ou à escola. A causa ainda é desconhecida, embora a doença geralmente apareça logo após uma infecção viral, incluindo agora, o coronavírus.